Drogas, violência, conteúdo sexual

Hélder Nunes
2 min readOct 24, 2021

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E ao lado está um quadrado vermelho com o número “16” inscrito, indicando que o conteúdo é inapropriado para menores de 16 anos. Esse pequeno quadradinho sempre tem uma cor e uma idade diferente de acordo com o filme.

Ao encontrar a palavra “drogas” na televisão, deduzo que o filme exibido pode conter alguma coisa com a maconha (que se fuma em cigarros), ou a cocaína (que se cheira). Também pode ter algo a ver com outras drogas que não escuto tanto: algumas tem nome esquisito, como “metanfetamina”, que me lembro porque já vi um meme no Facebook sobre ela. Mas eu nunca vi de fato essas tais “drogas” de verdade, nem sei algo sobre elas. Sei que usar é crime, faz muito mal, podendo te viciar e até matar. Tudo isso é muito falado na televisão, e minha família já me alertou sobre isso.

Violência… essa eu conheço. É fazer mal pros outros. Bater, esfaquear, machucar, matar. Também aparece muito na televisão, ainda mais do que as drogas. Tem na vida real também, mas eu não gosto muito de ficar olhando. Uma vez eu e meu primo brigamos feio, e aquilo foi violento.

Conteúdo sexual: esse é bem, bem confuso. Não sei direito o que é, mas sei que está relacionado a nudez e libertinagem. Esse tipo de coisa errada, e por isso que censuram. Também é comum ver esse tal de sexo sendo associado às drogas. É mais sobre o homem e a mulher, e o jeito com que os be-

“Filho.”

“Oi.”

Minha mente interrompe os devaneios para entrar em pânico enquanto meu olhar mira o relógio na velocidade da luz ao encontrar a silhueta de meu pai em meio às poucas luzes da sala. Já são meia noite e quinze de sábado (ou seria domingo?) e ainda não estou dormindo, o que significa que vou levar uma bronca das grandes.

“Filho, eu tô vendo a hora e me perguntando por que você tá vendo tevê ao invés de estar na cama.”

“Desculpa, pai. Eu não vi a hora. Estou indo dormir. Já tava cochilando antes de você chegar”. Meu discurso, já planejado anteriormente para esta ocasião específica, sai de minha boca desesperadamente como se fosse a mais pura verdade.

“Sei, vá simbora logo. E desligue tudo, que já é muito tarde.”

“Sim, sim. Boa noite.”

O pânico agora é substituído pelo alívio por ter me safado com a mentira. Desligo a TV e vou correndo pra me deitar, esquecendo a conclusão para o que seria o tal conteúdo sexual. Ainda bem que meu pai não notou que eu assistia filmes para maiores de 16 anos.

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